Tamanho da fonte: 

Dois posicionamentos em conflito estão postos quando os sujeitos surdos discutem o implante coclear: o posicionamento médico-patológico e o posicionamento antropológico. O primeiro considera que a patologia da surdez deve ser curada e a segunda considera a surdez como uma possibilidade de ser e estar no mundo, que, portanto, deve ser considerada. A partir desses posicionamentos é que se verifica as representações que os sujeitos surdos fazem em torno da temática. O trabalho tem como objetivo identificar como o indivíduo surdo apreende, materializa e valora a temática sobre o implante coclear na relação eu-outro. Para apontar os indícios supracitados foram selecionados como autor base o filosofo da linguagem Mikhail Bakhtin (2003) para subsidiar os posicionamentos de identidade e alteridade que são constituídos nos diálogos entre surdos sobre o assunto. Trata-se de uma pesquisa de caráter comparativo realizada na cidade de Belém, com quatro pessoas surdas do curso de Letras-Libras da Universidade do Estado do Pará. A pesquisa tem abordagem de caráter qualitativa e descritiva. A metodologia obedeceu aos seguintes procedimentos: a) foi apresentado aos discentes uma imagem que sugeria a discussão do tema implante coclear; b) A partir da imagem uma conversa em Língua Brasileira de Sinais (Libras); c) Essa sinalização dos participantes foi filmada e transcrita para análise; d) Foram deduzidos os posicionamentos dos participantes conforme a categorização em alteridade dominadora; alteridade dominada ou alteridade que petrifica, alteridade fundada na reciprocidade e amizade. Os resultados indicam que predominam posicionamentos que relacionam a alteridade dominada e dominadora na interação discursiva entre os participantes.

Alteridade. Outro. Surdo. Implante coclear.